Prezados
companheiros,
Venho
desta vez a presença de todos vocês para fazer uma espécie de
"prestação de contas" de quase tudo que aconteceu e está acontecendo
em relação a nossa luta por justiça (retomada de direitos adquiridos
burlados), melhores condições profissionais, para todos nós
e nossas famílias.
Quais
foram os resultados da nossa pauta de reivindicações apresentada
ao governo e que motivou a nossa Manifestação ocorrida no período
de 01 a 04 deste mês: Primeiramente é preciso lembrar que, quando
estávamos parados em casa e ao longo das rodovias, em momento
algum os órgãos do governo se dispuseram a sentar à mesa de
negociações, muito pelo contrário, fomos surpreendidos com as
divulgações pela imprensa de que o governo havia decidido me
tornar uma espécie de "bode expiatório" e aplicar, de imediato
e sem o direito de defesa, pesadas represálias contra a minha
pessoa individual e o MUBC, como se houvesse de minha parte
interesses particulares políticos, financeiros, ou outros quaisquer,
e havia mobilizado toda a máquina do governo contra mim, de
maneira injusta e agressiva.
1. Mandou a Polícia Federal abrir sindicância de averiguação na tentativa de comprovar tratar-se de "lock out de empresários", baseado no falso boato de que eu era um "empresário bem sucedido", proprietário de uma frota de dezenas de caminhões, quando na realidade, conforme pôde ser comprovado no nosso site www.uniaobrasilcaminhoneiro.org.br, era sim, uma "manifestação autêntica de caminhoneiros, cooperativas de caminhoneiros e pequenos transportadores" e a constatação de que possuo na realidade apenas um caminhão (sou autônomo autêntico), ainda pagando prestações do Procaminhoneiro, portanto, alienado;
2. Mandou que a Justiça aplicasse de imediato uma multa no valor de R$ 6.300.000,00 (seis milhões e trezentos mil reais) contra mim e o MUBC, além de bloquear todos os eventuais bens de minha propriedade e do MUBC, onde só foram encontrados para bloqueio na minha conta bancária particular pouco mais de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) e na conta bancária do MUBC pouco mais de R$ 2.000,00 (dois mil reais), os quais a seguir foram desbloqueados por sentença judicial, além da constatação de que nem eu e nem o MUBC somos possuidores de quaisquer outros bens móveis ou imóveis;
3. Em represália a minha pessoa mandou cancelar contratos comerciais de órgãos estatais com a Cooperativa Brasileira dos Caminhoneiros (de cuja diretoria estou afastado);
4. Por fim mandou cancelar o "Acordo de Cooperação Técnica" entre a ANTT - Agência Nacional de Transportes Terrestres e o MUBC. Um acordo gratuito entre as partes, que facilitava a inscrição obrigatória do transportador de cargas no RNTRC - Registro Nacional do Transportador Rodoviário de Cargas, sem ônus, e que passou agora a ser operado somente por duas operadoras credenciadas e que cobram pesados valores na execução dos serviços.
O
que ficou claro nessas violentas represálias, cujo alvo era
eu, foi a constatação de que, na realidade, os mais atingidos
foram os próprios caminhoneiros e pequenos transportadores.
Com
relação à pauta de reivindicações, como ficou:
-
O subsídio para baixar o preço do óleo diesel, que poderia baixar também os preços dos alimentos e demais produtos, o governo não quis nem ouvir falar, alegando que não é essa a política do governo!;
- A isenção ou baixa do valor do pedágio para caminhões, que também poderia baixar os preços dos alimentos e demais produtos, o governo alegou impossibilidade de atender devido aos contratos que tem com as Concessionárias!;
-
Quanto à criação de uma Secretaria de Transporte Rodoviário de Cargas, vinculada à Presidência da República (nos mesmos moldes das já existentes Secretarias dos Trabalhadores e das Micro e Pequenas Empresas), o governo considera descartada a hipótese devido à existência atual de 39 Ministérios!;
- E,
finalmente, a questão do Projeto de Lei que aprimora a Lei 12619/12 (Lei
do Descanso): Nossa reivindicação era de que o Projeto fosse aprovado em
regime de urgência para abreviar a sua sanção e regularizar a instabilidade
existente no setor. Pois bem, foi aprovado no dia 04/07/2013, na Comissão
Especial criada na Câmara dos Deputados, porém, como não foi estabelecida
tramitação de URGÊNCIA, segue agora normalmente para votação no Plenário
da Câmara, depois para o Senado Federal e finalmente, da mesma forma, para
sanção da Presidência da República. Significa dizer que, caso não haja nenhum
atropelo nessa trajetória, o projeto só será sancionado em meados do ano
que vem. Existe ainda a informação de uma predisposição nas casas de votação
e na sanção presidencial de vetar diversos artigos do Projeto.
Desta
forma, como ficamos:
Ficaram
prejudicadas e não serão solucionadas as seguintes questões
que fazem parte do Projeto:
-
Cartão Frete: Continuará obrigatório e permanecerá a proibição do direito de receber o frete "em dinheiro";
- CIOT:
Continuará obrigatório e permanecerão as dificuldades de contratar carregamentos
em alguns embarcadores;
- Remuneração do frete e do salário do motorista: Continuarão baixos e defasados, já que a concorrência desleal continuará operando no mercado de fretes;
- Cobrança de pedágio de eixo levantado: será cobrado;
- Fiscalização
e multa do tempo de direção e descanso: O DENATRAN revogou a Resolução 417
que orientava a não fiscalização punitiva da Lei desde a sua entrada em
vigor. A partir de agora a Polícia Rodoviária passa a fiscalizar e multar
todo transportador que não estiver cumprindo integralmente a Lei do Descanso.
Além do mais, mesmo aqueles transportadores que não forem multados estarão
acumulando um "Passivo Trabalhista" tamanho que, quando cobrado, o transportador
terá de vender tudo que tem para tentar conseguir pagar. Também o motorista
que reclamar na justiça os seus direitos trabalhistas vai conseguir levar
o caminhão e mais alguma coisa do patrão. Ou seja, agora sim estamos em
um beco sem saída.
Quero
deixar bem claro meus amigos, que não vai aqui nenhuma intenção
de fazer sensacionalismo e nem assustar ninguém. Essa é a verdadeira
realidade em que nos encontramos. Neste momento a situação é
pior do que quando iniciamos a nossa luta por melhores condições
de trabalho e de querer restabelecer os nossos direitos adquiridos
e que foram injustamente burlados por alguns poucos exploradores.
A continuar assim é melhor mudarmos de profissão.
Não
sei se vocês perceberam que somos totalmente desacreditados.
Não somos sequer respeitados. Prova disso foi a resposta dada
à nossa Manifestação Nacional, onde a nossa intenção era mostrar
ao governo, de forma pacífica, a realidade das milhares e milhares
de famílias de caminhoneiros (os maiores trabalhadores desta
terra) e despertar para a necessidade da imediata intervenção
dos órgão responsáveis por este país, no sentido de dar condições
de sobrevivência a esse setor que carrega o país nas costas
e que corre o risco de afundar, levando junto a economia e o
próprio país que depende de nós para sobreviver. Infelizmente
não fomos entendidos.
De
minha parte meus amigos, apesar dos ataques que venho recebendo,
não me considero derrotado, muito pelo contrário, sinto-me cada
vez mais vitorioso, já que estou consciente de estar com a missão
cumprida e de levar o sonho de fazer justiça até onde eu puder,
como sempre abençoado por Deus.
O
momento é decisivo. É preciso que cada um fique atento e mantenha
a união como única forma de ainda tentarmos nos salvar. Caso
contrário estaremos em breve atingindo o fundo do poço e no
futuro não teremos como nos justificar perante nossos filhos
e nossos netos.
Boa
sorte a todos e que Deus continue a nos iluminar.
Nélio Botelho
MUBC
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